O EU E O MUNDO
O processo de simbolização permite ao sujeito separar-se do objeto, instaurando uma relação mediada do indivíduo com a realidade e sua representação; na equação simbólica, o símbolo funciona como se fosse a coisa que ele representa em nível inconsciente
Se existe uma área à qual todos os psicanalistas conferem enorme importância é a da utilização de símbolos pelo ser humano. Muitos se dedicam até mesmo a estudar a formação da capacidade simbólica. Dispor de uma função simbólica é a marca individual de desenvolvimento que ratifica a pertinência do sujeito à espécie. A maioria das orientações psicanalíticas, cada uma de seu ângulo, estuda questões de natureza simbólica da mente humana. Freud deu enorme importância ao símbolo, desde sempre interessado no significado simbólico das comunicações do paciente. A pesquisa sobre o simbolismo inconsciente dos sintomas histéricos dá início a seu percurso clínico psicanalítico, com a publicação de A interpretação dos sonhos, em 1900, tida como a obra fundante da psicanálise e na qual a questão do simbolismo assume relevância sem-par.
O símbolo, em sua obra, caracteriza-se como uma expressão cujo propósito é ocultar uma ideia inconsciente censurada. Representaria algo que foi reprimido da consciência, fenómeno que dá início ao processo de simbolização. Por exemplo, uma ideia do pênis é captada pelo inconsciente, mas repudiada, dando origem à possibilidade de ser representada no consciente por um avião.
Por outro ângulo, o símbolo inscreve o homem na cultura, a partir da linguagem. Para a linguística, por exemplo, toda palavra é um símbolo. Psicólogos e epistemólogos concordam que a simbolização é a chave dos processos mentais construtivos: os símbolos tornam humano o humano. A rigor, é a utilização que o homem pode fazer deles que o inscreve na cultura.